Articulação é fundamental para a estabilização e mecânica do tornozelo
A sindesmose tibiofibular é um conjunto de ligamentos cuja função é estabilizar a articulação entre a tíbia e a fíbula, os dois ossos da perna, sendo fundamental para a mecânica do tornozelo. Os três principais ligamentos da sindesmose são o ligamento tíbiofibular anterior, tibiofibular posterior e a membrana interóssea, responsáveis pela estabilização da articulação tibiofibular.
A lesão da sindesmose ocorre em entorses do tornozelo, podendo resultar de traumas de alta energia durante a prática esportiva ou até mesmo de entorses aparentemente simples ao caminhar.
Devido ao seu papel essencial na estabilidade do tornozelo, a falta de tratamento adequado pode levar a sequelas significativas, como perda de mobilidade, artrose pós-traumática, dor persistente e limitação para atividades diárias.
Diante disso, neste artigo, abordaremos uma questão fundamental: quando operar a lesão da sindesmose?
Sintomas comuns da lesão da sindesmose
Os principais sintomas que indicam esse tipo de lesão e quando operar a sindesmose são:
- Dor na região da sindesmose;
- Inchaço anormal após uma entorse de tornozelo;
- Dores que podem irradiar para a parte superior da perna, próxima ao joelho;
- Dor persistente mesmo após período de repouso e reabilitação;
- Fratura da fíbula proximal próxima ao joelho, chamada de lesão de Maisonneuve, em casos de lesões mais extensas da sindesmose.
Quando operar a lesão da sindesmose?
Os sintomas mencionados acima indicam uma maior gravidade do caso, sendo um fator determinante para decidir quando operar a lesão da sindesmose. Porém, para se determinar o melhor tratamento para uma lesão da sindesmose são necessários exames adicionais. A cirurgia é recomendada para lesões graves que resultam em instabilidade da sindesmose. Lesões isoladas mais leves e que não causam instabilidade da articulação, em geral, podem ser tratadas de forma não cirúrgica.
Para determinar quando operar a lesão da sindesmose, é indicada a realização de ressonância magnética, que permite diagnosticar a lesão e avaliar sua gravidade. Caso ainda persistam dúvidas sobre a presença de instabilidade, o ortopedista pode solicitar uma tomografia computadorizada comparativa com manobras de estresse dos tornozelos. Esse exame permite analisar a abertura da articulação tíbiofibular distal e, caso haja diferença significativa entre os tornozelos, isso indica um sinal de instabilidade, necessitando de tratamento cirúrgico.
Como é feita a cirurgia para lesão da sindesmose?
Casos de lesão instável da sindesmose isolada, ou seja, sem fraturas associadas, podem ser tratados por meio da artroscopia, uma técnica minimamente invasiva. Através de dois pequenos furos realizados no tornozelo, são inseridos os instrumentos cirúrgicos e uma câmera que transmite imagens do interior da articulação a um monitor.
Dessa forma, o cirurgião consegue visualizar a articulação, remover restos ligamentares e avaliar a instabilidade para posicionar a articulação corretamente. Em seguida, a fixação é realizada garantindo a estabilização da sindesmose e a correção da lesão. No passado, a fixação da sindesmose era realizada com parafusos, que frequentemente exigiam uma nova cirurgia para remoção.
Atualmente, dispositivos modernos, como os botões de sutura intraóssea, permitem restabelecer a estabilidade da articulação sem comprometer sua mobilidade. Além disso, na maioria dos casos, esses dispositivos não necessitam de retirada, tornando o tratamento mais eficaz e menos invasivo.
Como é o pós-operatório e a recuperação?
Inicialmente, o paciente deve utilizar uma bota imobilizadora e evitar apoiar o pé no chão por um período de 1 a 2 semanas. Após essa fase, a carga sobre o pé operado é liberada de forma progressiva, ainda com o uso da bota, que deve ser mantida por cerca de dois meses. Durante esse período, a fisioterapia é essencial para acelerar a recuperação e garantir uma reabilitação mais eficiente.
Quando a lesão da sindesmose é diagnosticada e tratada adequadamente, o prognóstico é favorável. A expectativa em geral é que o paciente retome todas as atividades habituais, incluindo esportes. A recuperação completa ocorre, em média, entre 4 e 6 meses.
Possíveis riscos e complicações da cirurgia
A artroscopia possui um baixo índice de complicações, mas ainda assim existem riscos associados, como em qualquer procedimento cirúrgico. Algumas complicações possíveis, apesar de incomuns são:
- Infecções;
- Dor e instabilidade persistente;
- Diminuição de mobilidade.
Tratamento conservador x cirurgia: qual é o indicado?
A decisão sobre quando operar a lesão da sindesmose é baseada na gravidade do caso. Lesões isoladas (sem fraturas associadas) leves sem comprometimento da estabilidade da articulação, em geral, podem ser tratadas conservadoramente com imobilização, fisioterapia e repouso.
O tratamento cirúrgico é indicado para casos mais graves, que causam instabilidade da articulação tíbiofibular distal.
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Fonte:
Honda Saito, Guilherme et al. Clinical outcomes of isolated acute instability of the syndesmosis treated with arthroscopy and percutaneous suture-button fixation. Arch Orthop Trauma Surgery. 2021.