Apesar de rara, a braquimetatarsia é uma deformidade congênita capaz de causar sintomas dolorosos e limitação para utilização de calçados
A braquimetatarsia é uma condição ortopédica incomum que afeta o metatarso — um osso que conecta a parte de trás do pé aos dedos do pé. Essa doença, que acomete predominantemente o sexo feminino, é caracterizada pelo encurtamento de um ou mais dos metatarsos. O mais comumente afetado é o quarto metatarso.
Isso resulta em uma deformação visível do dedo correspondente, que pode ser muito dolorosa e atrapalhar a qualidade de vida do paciente. Além da questão estética, a braquimetatarsia pode atingir também a funcionalidade do membro, dificultando a caminhada ou a prática de atividades físicas. Continue lendo para entender melhor as principais causas, seus sintomas, o diagnóstico e como tratar a braquimetatarsia.
Sinais e sintomas da braquimetatarsia
O sinal mais visível da braquimetatarsia é a deformidade do dedo correspondente ao metatarso afetado, sendo na maioria das vezes o quarto dedo. Pode-se observar um encurtamento do dedo, que geralmente se encontra mais levantado que os demais. Isso pode causar dificuldades para atividades diárias e incômodo para utilização de calçados fechados.
O que causa a braquimetatarsia
A braquimetatarsia pode se manifestar de duas formas: congênita ou adquirida. A causa mais comum é uma condição genética que afeta o desenvolvimento ósseo. É possível perceber a manifestação da braquimetatarsia por meio da observação de alteração do aspecto em um ou mais dedos. O fechamento prematuro da zona de crescimento dos ossos pode ser um dos principais fatores. Tal fato faz com que haja interrupção do crescimento do osso antes que ele atinja o tamanho ideal. Já na sua forma adquirida, a braquimetatarsia pode ter causas como traumas, infecções e tumores.
Causas congênitas
A braquimetatarsia congênita é uma condição presente desde o nascimento. Ela é causada por uma anomalia genética ou por uma falha no desenvolvimento fetal. Os sintomas podem variar de leves a graves, mas ela pode ser assintomática em alguns casos e não afetar a vida dos pacientes.
Causas adquiridas
Já a braquimetatarsia adquirida é uma condição que ocorre posteriormente devido a uma lesão ou doença. A condição é mais comum em adultos do que em crianças.
Como é realizado o diagnóstico?
Através de uma história detalhada e do exame físico, o ortopedista especialista em pé é capaz de realizar o diagnóstico da doença na maioria dos casos. Além do diagnóstico clínico, exames de imagem como a radiografia podem confirmar a condição ao demonstrar a alteração anatômica de um ou mais metatarsos, que é proporcionalmente mais curto que os demais.
Tratamento para braquimetatarsia
A braquimetatarsia não necessariamente precisa ser abordada cirurgicamente. Diversos pacientes não desenvolvem sintomas dolorosos, apesar da deformidade. Nesses casos, apenas a observação e adequação de calçados pode ser suficiente para manter o paciente sem limitações.
No entanto, quando o problema está afetando a qualidade de vida do paciente, a única forma de se corrigir a deformidade da braquimetatarsia é através da cirurgia. Ela consiste no alongamento do metatarso afetado. Para isso, há duas técnicas que são as principais quando se fala em braquimetatarsia. Em ambos os procedimentos, inicialmente realiza-se a osteotomia do metatarso, ou seja, um corte ósseo dividindo o metatarso.
Em uma das técnicas, é colocado um fixador externo fixado por pinos em ambos os lados do corte ósseo. Esse dispositivo fica do lado de fora da pele do paciente por vários meses, nos quais vai se aumentando a distância entre os ossos de forma gradual. Isso faz com que o osso se alongue de forma contínua e controlada. Algumas das desvantagens desse método incluem o tempo de tratamento, a necessidade de se manter o fixador externo por vários meses, o risco de infecção nos pinos fixados aos ossos e a necessidade de posterior retirada do fixador externo.
A outra técnica cirúrgica consiste no alongamento agudo do metatarso. Nesse caso, é retirado um enxerto de osso da crista ilíaca do paciente, que é colocado no local da osteotomia do osso do metatarso e fixado com uma placa. Dessa forma, o paciente já sai da cirurgia com o osso alongado e o dedo corretamente posicionado, sendo necessário um período aproximado de 2 a 3 meses para a consolidação óssea completa. A principal desvantagem desse procedimento é a necessidade de retirada de enxerto da crista ilíaca do paciente. Mas, devido ao menor tempo de tratamento e recuperação, além de dispensar a necessidade um dispositivo externo ao pé, esse método é o tratamento de escolha do Dr. Guilherme Honda na maioria dos casos. Porém, em casos em que há um encurtamento muito significativo do primeiro metatarso, o alongamento gradual com o fixador externo pode ser mais indicado.
Riscos e contraindicações
Algumas das principais complicações que podem ocorrer após a cirurgia são:
- Não consolidação óssea da osteotomia;
- Rigidez articular do dedo afetado;
- Deformidade residual do dedo;
- Infecções, principalmente dos pinos, no caso do fixador externo;
- Dor residual.
É importante ressaltar que, por se tratar de uma cirurgia, há sempre riscos inerentes. No entanto, os riscos são muito reduzidos quando acompanhadas por um profissional especialista capacitado e familiarizado com essa doença.
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Fontes:
Hung WC et al. Subacute two stage metatarsal lengthening with gradual distraction for brachymetatarsia: A consecutive case series and literature review. Foot Ankle Surg. 2023.
Klauser HO. The Surgical Treatment of Brachymetatarsia. Foot Ankle Clin. 2021 Dec;26(4):685-704. doi: 10.1016/j.fcl.2021.07.003. Epub 2021 Oct 4. PMID: 34752234.