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Luxação dos tendões fibulares

Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)
6 min. de leitura

O problema é causado principalmente após entorses, podendo levar a quadro de dor e limitação para realização de atividades

A luxação dos tendões fibulares ocorre quando os tendões que conectam os músculos da perna à parte externa do tornozelo se deslocam de sua posição normal. Isso pode ocorrer devido a uma lesão ou trauma no tornozelo, como uma torção ou queda.

A luxação dos tendões fibulares pode resultar em dor, inchaço e instabilidade no tornozelo. O tratamento dessa lesão é eficiente, porém na maioria das vezes a cirurgia para realocar os tendões na posição correta é necessária.

Causas e fatores de risco da luxação dos tendões fibulares

O principal mecanismo para a luxação dos tendões fibulares é a entorse do tornozelo. A depender da forma como ocorre a entorse, pode haver a lesão do retináculo dos fibulares, uma estrutura responsável por manter os tendões fibulares em sua posição correta. Há também fatores anatômicos próprios do paciente que favorecem a luxação dos tendões fibulares. Entre eles:

  • Alteração do formato da fíbula
  • Implantação muscular baixa, ou seja, quando há excesso de musculatura dos fibulares na região do tornozelo
  • Pé cavo varo

É de fundamental importância se atentar para todos esses fatores de risco, pois eles frequentemente precisam ser abordados conjuntamente no procedimento cirúrgico. Caso contrário, há um risco aumentado de recidiva da lesão

Quais os principais sintomas?

O principal sintoma após a luxação dos tendões fibulares é a sensação de deslocamento dos tendões na região lateral do tornozelo durante as atividades. Muitas vezes é possível observar a movimentação dos tendões para fora do lugar devido à instabilidade. Devido a essa movimentação anormal, que pode gerar atrito do tendão com o osso, outro sintoma comum é a dor. Alguns pacientes ainda relatam ouvir um “estalo” no momento da lesão. Ademais, outros podem sentir certa instabilidade ao caminhar.

Apesar de não tão frequentes, podem ocorrer ainda a presença de equimose, inchaço e alto grau de sensibilidade na região da luxação. A dor é localizada na região posterior da fíbula e não anteriormente, assim como acontece com uma entorse do tornozelo. Portanto, fique atento quando ocorrer:

  • Dor aguda na lateral do tornozelo após entorse ou movimento brusco, que pode ou não ser acompanhado de um estalido;
  • Dor persistente na região lateral do tornozelo;
  • Sensação de instabilidade dos tendões, podendo se sentir ou movimentar ativamente os tendões por cima do osso na região de fora do tornozelo
  • Estalos ou ruídos ao mover o tornozelo;
  • Inchaço e hematomas na lateral do tornozelo;
  • Sensação de instabilidade no tornozelo.

Como é realizado o diagnóstico?

Inicialmente, o diagnóstico de luxação dos tendões fibulares é realizado por meio do histórico clínico do paciente. O médico responsável deve estar sempre muito atento, pois o diagnóstico só pode ser realizado se houver um alto grau de suspeição por parte do médico. Frequentemente, as luxações dos tendões fibulares são confundidas com lesões ligamentares do tornozelo, e dessa forma o diagnóstico não é realizado corretamente. Um ortopedista especialista experiente é capaz de realizar o diagnóstico apenas com a história e exame clínico.

Ainda assim, exames de imagem complementares são recomendados para confirmação diagnóstica, para avaliação mais detalhada da lesão, planejamento cirúrgico e para se descartar outras lesões associadas. O principal exame para esse fim é a ressonância magnética, que é capaz de mostrar a lesão do retináculo dos fibulares, demonstrar o posicionamento dos tendões fibulares, além de avaliar questões anatômicas e possíveis lesões associadas dos tendões ou ligamentos.

Em alguns casos, a ultrassonografia também pode ser útil para avaliar a posição dinâmica dos tendões fibulares durante a movimentação do pé. Esse exame é útil principalmente nos casos em que há dúvida diagnóstica. As radiografias e a tomografia computadorizada podem eventualmente ser realizados para avaliação de possíveis fraturas ou questões anatômicas do paciente.

Tratamentos para a luxação dos tendões fibulares

O tratamento adequado pode evitar complicações causadas pela persistência da instabilidade nos tendões fibulares. Se não tratada, a luxação dos tendões fibulares pode causar tendinite, desgaste e até mesmo a ruptura dos tendões.

Na grande maioria dos casos, a luxação dos tendões fibulares é de tratamento cirúrgico. Em uma minoria de casos selecionados, em que não haja instabilidade clínica significativa do tendão e o paciente não apresente sintomas significativos, o tratamento conservador pode ser tentado.

Tratamento conservador

O tratamento conservador para luxação dos tendões fibulares geralmente é recomendado em casos muito leves, em que não haja instabilidade significativa dos tendões. Ainda assim, esse tipo de tratamento apresenta um índice de recidiva e de falha relativamente alta. Algumas das principais medidas são:

  • Imobilização do tornozelo com órtese, a fim de se evitar movimentos excessivos do tendão;
  • Medicamentos analgésicos prescritos pelo médico como forma de alívio dos sintomas quando houver;
  • Fisioterapia para fortalecimento muscular e treino de autopercepção de equilíbrio.

O tempo de recuperação pode variar de acordo com a gravidade da lesão, mas geralmente leva em torno de 3 meses. É importante consultar um ortopedista para obter um diagnóstico preciso e recomendações específicas de tratamento para a luxação dos tendões fibulares.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico para luxação dos tendões fibulares é indicado na maioria dos casos. Porém, além de realizar o posicionamento correto do tendão e reparo do retináculo dos fibulares, é fundamental também se abordar as causas associadas à luxação dos tendões fibulares. Dentre os procedimentos que podem ser associados, destacam-se:

  • Reparo dos tendões: quando houver lesão dos tendões associada, pode-se realizar a “costura” dos tendões, procedimento chamado de tenoplastia;
  • Aprofundamento do sulco da fíbula, para correção de uma alteração anatômica da fíbula que pode predispor o paciente a ter novas luxações dos tendões;
  • Ressecção de musculatura fibular em excesso na região do tornozelo;
  • Correção de deformidades graves do pé;
  • Abordagem de eventuais instabilidades graves do tornozelo por lesões ligamentares.

A não abordagem desses possíveis fatores associados resulta em alto risco de recidiva da lesão. O tempo de recuperação após a cirurgia pode variar de acordo com a gravidade da lesão e o tipo de procedimento realizado, mas em geral leva de 2 a 3 meses. É importante consultar um ortopedista especialista em pé e tornozelo para avaliar a necessidade de tratamento cirúrgico e obter orientações específicas sobre o processo de recuperação.

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Fontes:

Dr. Guilherme Honda Saito

Nishimura A et al. Anatomic Features of Patients With Recurrent Peroneal Tendon Dislocation. Am J Sports Med. 2023.

van Dijk PAD et al. Retromalleolar Groove Deepening in Recurrent Peroneal Tendon Dislocation: Technique Tip. Orthop J Sports Med. 2017.

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