Deformidades nos pés são problemas muito comuns, que dispõem de algumas alternativas de tratamento
A dor no joanete é certamente um problema que incomoda muitas pessoas. Para poder tratá-lo, é preciso compreender, em primeiro lugar, do que se trata esse problema. O joanete no pé é uma saliência óssea que pode causar dor ao caminhar ou quando se usa um calçado inapropriado.
Essa patologia é mais comum em pés adultos, e cerca de 30% da população possui algum grau de deformidade. A dor no joanete é cerca de 10 vezes mais prevalente em pacientes do sexo feminino. Mulheres que fazem uso de calçado de salto alto e de “bico fino” apresentam maior propensão a essa patologia.
A dor no joanete pode se apresentar em qualquer época da vida, e a deformidade tende a progredir com o passar dos anos caso a pessoa não tome os cuidados necessários. A joanete pode ser unilateral (afetando apenas um dos pés) ou bilateral (acometendo os 2 pés), sendo essa última mais frequente.
Não existem estudos científicos que comprovem relação direta entre atividades profissionais e a existência da dor no joanete, porém essa deformidade é sabidamente associada ao uso de determinados tipos de calçados.
Aprenda a identificar os tipos de joanete existentes
Existem dois tipos de joanete, que se diferem por sua localização. Porém, os sintomas são similares. Os principais sinais são:
- Alteração do formato do pé, com uma protuberância óssea no lado de dentro ou de fora do pé;
- Desvio do dedo afetado em relação aos outros;
- Inchaço, vermelhidão e dor sobre a protuberância óssea;
- Dor ao utilizar calçados fechados e apertados.
Para aliviar a dor no joanete, pode-se utilizar medicamentos para a dor, como anti-inflamatórios. Massagens e compressas frias também podem ser úteis no alívio da dor. Apesar de muito divulgados, não existe nenhuma evidência científica demonstrando a eficácia de palmilhas ortopédicas ou separadores de dedos no tratamento do joanete. Ao contrário, pelo fato de ocuparem mais espaço dentro do calçado, muitas vezes se observa uma piora dos sintomas com o uso desses recursos.
Os dois tipos de joanete existentes são o hálux valgo (tipo mais comum que afeta o dedão) e a joanete de Sastre, também conhecida como bunionette. Esta afeta o quinto dedo (dedinho), sendo também conhecida como joanete do alfaiate, pois no passado acreditava-se que esses profissionais desenvolviam uma inflamação sobre a borda lateral do dedinho devido aos longos períodos sentado com as pernas cruzadas, apoiando-se sobre essa área do pé.
Causas do joanete
A dor no joanete pode surgir em decorrência do uso constante de modelos de calçados inapropriados, mas existem outros fatores que podem causar ou ainda agravar a deformidade. A herança genética é um dos principais fatores, sendo que cerca de 60% dos pacientes que sofrem com joanete tem outros casos presentes na família.
Outros fatores ainda podem contribuir para o desenvolvimento da alteração, tais como as doenças autoimunes e metabólicas (artrite reumatoide, gota ou lúpus), problemas neurológicos (AVC, paralisia cerebral, trauma de coluna), frouxidão ligamentar e presença de pé chato.
Diagnóstico e tratamento
Quem apresenta dor no joanete pode ser diagnosticado por um profissional especializado, com base nas queixas do paciente e em uma avaliação clínica. O exame de imagem também ajuda na identificação da extensão do problema e na escolha do melhor tratamento — podendo ser conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade e dos sintomas.
O pilar central do tratamento conservador é a adequação de calçados. Estes devem ter o espaço da frente mais amplo ou aberto. Além disso, calçados com solado mais firme tendem a sobrecarregar menos a área do joanete, podendo trazer melhora dos sintomas. Calçados de salto alto, em especial scarpins, devem ser evitados ao máximo.
Como já citado anteriormente, acessórios como palmilhas ou espaçadores de dedos, não só não são capazes de corrigir a deformidade, como frequentemente pioram os sintomas do paciente. Vale ressaltar que a deformidade já presente não regride espontaneamente através do tratamento conservador, seja ele qual for. Por isso, os objetivos do tratamento conservador são aliviar os sintomas de dor e prevenir a progressão acelerada da deformidade.
A aplicação de pomadas anti-inflamatórias e o consumo de medicamentos analgésicos, desde que indicados por um médico, também são alternativas no tratamento conservador, visando alívio da inflamação e consequentemente das dores.
Quadros mais graves de deformidade ou casos com sintomas severos de dor no joanete podem ser tratados cirurgicamente. Feita na maioria dos casos com raquianestesia (injeção de anestésico nas costas), a intervenção cirúrgica é feita a partir do reposicionamento do dedo para sua posição original, além da raspagem do osso causador da protuberância óssea. Para atingir esse objetivo, em geral, é necessária a realização de cortes ósseos. Alguns casos de joanete podem inclusive ser tratados de maneira minimamente invasiva, ou seja, através de pequenos furos na pele, sem a necessidade da realização de grandes incisões.
O pós-operatório da cirurgia de joanete depende da gravidade do quadro e do tipo de procedimento realizado. Em alguns casos, o paciente é autorizado a apoiar o pé no chão imediatamente após a cirurgia. Em outros, deve-se aguardar até 2 semanas para realizar o apoio do pé operado. Em alguns casos a fisioterapia também pode ser uma aliada para pacientes em recuperação, permitindo a manutenção da mobilidade do dedo e acelerando a reabilitação do paciente.
Existem doenças que podem se confundir com o joanete (hálux valgo) pela semelhança de sintomas, como a patologia chamada Hálux Rígido. Uma vez que os tratamentos também são muito diferentes, a avaliação de um especialista é fundamental para diagnóstico e determinação da melhor conduta.
O Dr. Guilherme já publicou diversos artigos científicos nas mais importantes revistas internacionais a respeito do tratamento dos joanetes. Se sua dor no joanete está causando incômodos e comprometendo sua qualidade de vida, não hesite mais em procurar um médico especializado em joanete.
Envie uma mensagem para a clínica do Dr. Guilherme Honda e agende sua consulta.
Fontes:
Honda Saito, Guilherme et al. Management of the Tarsometatarsal Joint in the Rotational Correction of Hallux Valgus by the Modified Lapidus Procedure: Intraoperative Technical Tips to Prevent Complications. Foot Ankle Specialist. 2021
Honda Saito, Guilherme et al. Is first metatarsal shortening correlated with clinical and functional outcomes following the Lapidus procedure? International Orthopaedics. 2021
Honda Saito, Guilherme et al. Correlation of first metatarsal sagittal alignment with clinical and functional outcomes following the Lapidus procedure. Foot Ankle Surgery