Lesões ligamentares não tratadas são as principais causas que levam à sensação de instabilidade e insegurança do tornozelo ao caminhar ou realizar atividades físicas
Quando uma pessoa sofre entorses com lesões ligamentares do tornozelo e ela não é adequadamente tratada, essa articulação pode se tornar permanentemente instável. A instabilidade crônica do tornozelo tem como principal característica a sensação de falta de controle do apoio do próprio tornozelo sobre o chão.
O que é instabilidade crônica do tornozelo?
A instabilidade crônica do tornozelo se manifesta comumente em pessoas que sofreram com diversas lesões e entorses. Conforme essas lesões ocorrem e se não forem adequadamente tratadas, os ligamentos podem se tornar cada vez mais frouxos, causando a sensação de instabilidade. Essa característica, por sua vez, facilita que novas lesões e entorses ocorram.
Além das lesões, a instabilidade crônica do tornozelo de longa data também está associada ao desenvolvimento de artrose no tornozelo, uma doença degenerativa das cartilagens da articulação.
Principais causas da instabilidade crônica do tornozelo
A instabilidade do tornozelo pode ser causada por causas mecânicas ou funcionais. As causas mecânicas são caracterizadas por lesões ligamentares não tratadas adequadamente que, com o passar do tempo, vão deixando os ligamentos mais frágeis. Isso prejudica a estabilidade da sustentação do tornozelo quando o pé está apoiado.
Por isso, é importante procurar um ortopedista especialista em tornozelo assim que ocorre uma lesão ligamentar, pois quanto mais grave o entorse, maior o risco de desenvolvimento de instabilidade crônica quando não adequadamente tratado.
As causas de origem funcional da instabilidade do tornozelo estão ligadas à perda de controle neuromuscular, ou seja, à falta de controle do cérebro sobre a auto-percepção de equilíbrio da pessoa. Nesses casos, não há necessariamente uma alteração mecânica causando a instabilidade, e dessa forma, esse tipo de instabilidade geralmente pode ser tratada com sucesso através de fisioterapia.
Sintomas da instabilidade crônica do tornozelo
Os principais sintomas da instabilidade crônica do tornozelo são:
- Insegurança ou instabilidade para caminhar ou correr: a principal característica da doença. O paciente costuma ter a sensação de que vai sofrer uma queda ou um entorse a qualquer momento, especialmente em terrenos irregulares;
- Dor no tornozelo: grande parte dos pacientes não apresenta dores, mas elas podem ocorrer em alguns casos pela própria alteração dos ligamentos ou pelas lesões associadas a ela;
- Hiperfrouxidão do tornozelo: em casos graves o próprio paciente pode sentir a hiperfrouxidão ou hipermobilidade do tornozelo.
Tratamento não cirúrgico
O tratamento da instabilidade crônica do tornozelo pode ser conservador (não cirúrgico) ou cirúrgico, dependendo da gravidade e do tempo de duração da patologia. No tratamento conservador, podem ser feitos exercícios de fisioterapia, utilização de tornozeleiras, bandagens e ajuste de calçados e atividades, como descritos a seguir:
- Fisioterapia: é o principal tratamento não cirúrgico da instabilidade. Um programa adequado de exercícios de fisioterapia é essencial para o fortalecimento muscular e restabelecimento da auto-percepção de equilíbrio;
- Ajuste de calçados e atividades: a adaptação do tipo de atividades e de calçados é importante para a prevenção de novos episódios de entorses, evitando a progressão do quadro de instabilidade crônica do tornozelo;
- Tornozeleiras: em casos de instabilidade muito severa, o uso de órteses pode ser prescrito em determinadas situações para se evitar novos entorses. No entanto, seu uso contínuo deve ser evitado, já que o uso constante das órteses enfraquece a musculatura do tornozelo;
- Bandagens: da mesma forma que as tornozeleiras, a utilização das bandagens pode auxiliar na estabilidade em determinadas situações, prevenindo novos entorses.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico é indicado para casos de instabilidade crônica do tornozelo em que não há melhora dos sintomas com tratamento conservador ou em casos graves. Em grande parte dos casos, o procedimento pode ser realizado de forma pouco invasiva, pela técnica de artroscopia, que consiste na limpeza das estruturas do tornozelo e reparo dos ligamentos através de 2 pequenos furos no tornozelo, por onde se inserem uma câmera de vídeo e instrumentos para realização do procedimento.
No período de recuperação, utiliza-se bota imobilizadora por cerca de 1 mês e meio, sendo que a retomada das atividades cotidianas é gradual, levando em torno de 3 meses.
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Fontes:
Honda Saito, Guilherme et al. Clinical outcomes of isolated acute instability of the syndesmosis treated with arthroscopy and percutaneous suture-button fixation. Arch Orthop Trauma Surg. 2021.
Hubbard TJ et al. Contributing factors to chronic ankle instability. Foot ankle International. 2007.