Em alguns casos, o pé chato pode causar dor intensa e disfunções nos membros, demandando a realização de cirurgia corretiva
A cirurgia de pé chato é uma intervenção médica indicada para a correção de uma deformidade caracterizada pela diminuição do arco plantar — uma área localizada na parte de baixo e interna do pé e que possui um formato de curva, resultante da anatomia das estruturas ósseas e musculares da região. Este é um problema que pode trazer diversas consequências ao organismo, afetando articulações e causando dores no corpo.
Também chamada de reconstrução do pé plano, a cirurgia de pé chato normalmente é recomendada quando as abordagens conservadoras não foram capazes de corrigir e controlar a condição. Em geral, o procedimento é executado em um pé de cada vez, e tem o objetivo principal de aliviar a dor, restaurar a função dos pés e evitar mais danos aos membros inferiores e suas estruturas.
Entenda a anatomia do pé
O pé tem como funções principais absorver o impacto do corpo, além de ser responsável pelo equilíbrio, controle da postura e sustentação do corpo. As curvaturas do pé, assim como as observadas na coluna, são fisiológicas e existem justamente para ajudar na absorção adequada dos impactos e para possibilitar a passagem de estruturas importantes — tais como vasos, nervos e tendões.
É normal que toda criança até os 3 anos tenha o pé plano, sem apresentar nenhuma curvatura na planta do pé. A partir desta idade, é esperado que o arco plantar se torne mais evidente e bem definido. Alguns indivíduos, porém, não desenvolvem as curvaturas naturais do pé e acabam permanecendo com ele achatado. Os principais fatores que podem contribuir para este problema são:
- Fatores genéticos;
- Deficiência no tendão tibial posterior;
- Hiperfrouxidão ligamentar;
- Doenças reumáticas;
- Lesões traumáticas nos pés;
Sintomas e consequências de pé chato
Em geral, se o pé do indivíduo toca o chão quase inteiramente e não apresenta um arco na parte de dentro, ele é considerado um pé chato ou plano. Esta é uma condição que pode se manifestar em diferentes graus — leve, moderado e grave —, sendo recomendado que o paciente passe por uma avaliação ortopédica para saber exatamente qual seu tipo de pé e se há uma alteração significativa no membro.
A princípio, o pé chato não é uma deformidade capaz de causar prejuízos significativos à qualidade de vida do indivíduo, e não ocasiona dores de maneira direta. Porém, qualquer tipo de alteração nas curvaturas dos pés faz com que o indivíduo naturalmente faça uma série de compensações posturais que afetam diretamente os próprios pés, tornozelos, joelhos, quadris e coluna.
Pessoas com pé chato tendem a ficar com a pisada “para dentro”, o que causa alterações posturais que alteram diretamente o equilíbrio do corpo e podem aumentar a sobrecarga dos membros inferiores. Além disso, a ausência ou diminuição do arco plantar pode reduzir significativamente a capacidade de absorção de impactos ao caminhar ou correr, aumentando o risco de lesões em determinados casos.
Com o tempo, um paciente com pé chato pode desenvolver problemas como tendinite, fascite plantar, dor nos metatarsos, lombalgia, dor no joelho e alterações posturais. O ideal é que os pacientes diagnosticados com pé chato sejam devidamente acompanhados por um ortopedista especializado, que poderá indicar maneiras de prevenir essas consequências por meio de fortalecimento muscular e uso de calçados adequados.
Fontes:
Saito, Guilherme Honda, et al. Subluxation of the Middle Facet of the Subtalar Joint as a Marker of Peritalar Subluxation in Adult Acquired Flatfoot Deformity: A Case-Control Study. J Bone and Joint Surgery – Am 2019.
Saito Guilherme Honda et al. Combined weightbearing CT and MRI assessment of flexible progressive collapsing foot deformity. Foot Ankle Surg. 2020.